domingo, 24 de agosto de 2014

Vômito

Tenho ânsia. Algo que eu comi não me caiu bem. Pra ser sincera, tenho comido coisas que não me caem bem há algum tempo. Acho que na verdade é isso, venho comendo diariamente o alimento errado, aquele que não foi feito pra mim e tampouco me alimenta. E o resultado é catastrófico. Sinto a mistura de náusea e dor que aperta meu peito, transborda nos meus olhos e seca minha garganta. O mais dolorido de tudo isso é que ainda sinto fome.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Destruição

Pó. É isso,
Tenho esse sentimento a cada viagem que faço. Muita coisa se destrói dentro de mim, é como se houvesse uma renovação, ou a chance de um novo começo.
Andei questionando até que ponto vale a pena uma viagem, simplesmente por ser uma viagem. Não existem mais questões, uma viagem é sim uma explosão dentro de você. Talvez a volta a superfície, um último respiro antes de mergulhar na água lodosa e escorregadia do fundo do mar, que é a vida, assim como ela é, muitas vezes nos faz tropeçar no meio do caminho. Aí voltamos, temos a chance de sentir mais uma vez a brisa cheia de oxigênio carregado de vida, aquecer as mãos e os pés enrugados do longo tempo submersos na rotina diária, e encher nosso cérebro e coração com o mais importante combustível da superfície: a esperança.
O mais engraçado de tudo isso é que muitas vezes o sentido só se completa ou se concretiza na volta ao lodo e às terras escorregadias. Difícil ter consciência da destruição no calor do sol, ou no vento que bate no meu rosto. Nesse momento eu não penso e não espero, só sinto o calor do sol e o vento batendo no meu rosto. Mais nada.
Mas agora eu sinto a destruição. De volta ao meu lodo enxergo o sol através dos meus dedos, através do meu peito, pernas, cabelos, através do espelho. Algo mudou, algo morreu e algo nasceu. Renovação e movimento.
Apesar do meu peito ainda estar cheio do ar lá de cima, e meu corpo tão quente quanto o sol que aquece a minha terra, eu conto os dias para voltar á superfície, mesmo que seja pela última vez.

"Vale do Paraíso"

O meu Vale do Paraíso tem mais rugas agora. Tem sujeira. Os cheiros aí aroma de frutas amassadas e queijo fresco refrescado pelo sol quente dessas terras do sul.
O destino, quem sabe dele? A espera dele, ao encontro dele. Talvez ele passe por essa estrada erma e molhada.
Não tenho lágrimas, não tenho dor. Talvez tudo isso venha depois. Agora a única coisa que corre por aqui é meu sangue. Na verdade não corre, escorre.
Tempo perdido? Acho que a vida nunca é tempo perdido. Perdidos somos nós nesse paraíso de ninguém.
Fraquezas ficam para trás, junto com o medo e ilusão. Essa é a vida, e nós decidimos por ela.
Chapéu do azar, pedra da sorte, vocês não nos pertencem mais, e agora só minha fé me inspira.
Mais uma gota de chuva. Mais um café e um papo furado. No fundo todo mundo caminha pelo mesmo paraíso e toma o mesmo café. A diferença é que eu coloco duas doses de açúcar e tenho alguns muitos milhares de passos até o meu paraíso.

21/04

Verde e Amarelo

Verde grama, maconha, esperança, alguns olhos, as vezes o rio, algumas tendas, esta mosca que pousou no meu dedo neste exato momento, bosta de vaca, cheiro de grama.
Amarelo sol (clichê), luz, alguns olhos e não só de gatos.
Quero voltar para o verde. Homem deitado na relva, o vento (aí sim amarelo), uma lembrança “apanhador no campo de centeio”, centeio amarelo, mas o campo é verde.
Portas amarelas escondem vidas verdes.
A música não é verde e nem amarela, não tem cor. Para mim não tem sentimento também.
Doces sim trazer o verde e amarelo dessa festa, mas não pra mim.
Amarelo. Cabelos amarelos. Lindos cabelos amarelos, mas estão verdes de tanto esperar no sol amarelo dessa manhã.

(16/04)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Lisboa

Dia Branco.
Em cima da cabeça brilho do branco, e cinza também. Há uma grande foligem cinza pela cabeça dos que por aqui estão agora.
É o dia branco, e uma vida cinza. Longos cinzas de vidas brancas cansadas de tantos dias cinzas.
Acho que com certeza tem espaço para esses dias cinzas e para os brancos também, mas eles se repetem tanto nessa terra que eu já me sinto branca, com algumas cinzas na cabeça.

Luso e Liso

Sim você chegou! É engraçado te esperar, e saber que um dia você baterá em minha porta, com movimentos vagarosos, como se não quisesse entrar de verdade, e bem de leve você invade meu espaço e cobre as paredes e todo o teto com sua bruma impenetrável. Eu estou iluminada agora, sim. Todo meu rosto e meu corpo recebem a luz do sol que atravessa minha janela. Mas sim bruma, agora que você entrou sem ser convidada meus olhos não brilham mais. Na verdade eles brilham muito, mas você consegue filtrar os raios mais poderosos de alegria e deixa-los lisos, sem o movimento. Tudo esta liso agora, o chão está liso, minhas mãos estão lisas e até meu cabelos estão lisos.
Eu preciso tomar um banho e lavar meus cabelos com um shampoo melhor! Sim é isso que tenho que fazer, e quem sabe sobra um pouco de água para limpar as paredes, o teto e o chão.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Transbordo

Transbordo emoções sufocadas por dias sem ilusões ou sonhos de uma mente tranquila
Transbordei lágrimas retidas na esponja do meu espírito, carregada por grande volume de água
Transbordava quando pensava em quanto ainda tinha pra transbordar
Transbordarei toda a tristeza do mundo através dos meus olhos pesados
Transbordaria cada vício sujo que me entope o corpo
Transbordando até o limite onde tudo fica:
Transbordado...

Transformado.