domingo, 17 de outubro de 2010

Livre Arbítrio

A roda chega.
E eu me chegando la de canto, e canto a andorinha, peneirando no terreiro, ai ai!
Corpos marrons. Não é só a roupa, é a terra, Mãe Terra dentro de cada Angoleiro do Sertão!E dança minha terra. Joga com a terra e luta pela terra! não só eles lutam, nós também lutamos. Mas tudo vira um jogo de movimentos livres! A luta é livre, o jogo é livre e nós somos livres para entrar na roda ou simplesmente olhá-la de canto. Seja canto, seja meio ou seja fim, a energia envolve tudo o que é canto.
A roda samba. É samba quente, é samba frio, é samba feio, é samba leve, é samba mole, é samba duro, é samba quieto, é samba vivo, é samba samba! nenhum samba é igual, essa é a graça da roda. Tem samba que nem é samba!
A roda sua. Bem la no meio o calor! Corpos quentes de samba, terra, amor e tesão! Eu nasci pra capoeira?Num sei não!!Mas eu nasci pra esse calor. Talvez com meu não-sei-samba no pé eu faça isso com todo o meu amor.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Jacaré

Comecei pensando nas regras. São elas que me carecem?

Dias e vidas pensando no sonho da alma selvagem, na intuição artista, no espírito de liberdade, seria essa minha liberdade? Almejar a vida só em tons coloridos, podem ser pastéis, mas sempre cores! Ou acordes bem tocados, sem pausas ou grandes silêncios constrangedores. Talvez a dança transpirando emoção por cada centímetro do palco.

Será que são esses os objetos a serem dedicados nos meus altares? Cada oração ou pensamento deva fluir para esse objetivo na minha vida?

Acho que isto vem feito parte da minha vida há anos! Mas não por completo. É preciso aprender com o preto e o branco, suas infinitas variações cromáticas que te levam desde o preto do papel até a maior saturação e acúmulo de luz possível, o branco. Preciso cultuar o silêncio, abstrair palavras e seus sons quando desnecessários. Aprender que o silêncio é fruto de sabedoria e necessita ser ouvido de alguma maneira, aguçando sentidos distintos e desenvolvendo a capacidade de harmonização do corpo e da alma.

Não, acho que também não é isso!

É preciso abrir mão desse passado que te consome, dos hábitos repetidos ridicularmente da mesma maneira a anos.

Sim, são suas regras, rituais que esperam ser praticados, dia a dia, sem quebra, sem deslizes, com amor. Você os guarda na sua caixa lacrada de medos e vontades borbulhando energia para explodirem e voarem por aí. Mas não sem rumo. É preciso o rumo, as regras e os rituais. Quero a dureza. Mas eu tenho a dureza. O coração banhado pela falsa insensibilidade, ríspida pulsação de ritmos constantes.

São eles, vocês. Meus rituais, regras e altares.

Com Ardor

O toque invisível desde o fim, o laço eterno de um amor sem fim.

Lágrimas correm em sua presença, transbordam direto do peito, do centro do coração.

Puro assim como seu amor.

Doi na alma minha sua dor! Minha dor, sua alma, nosso amor. Nossa dor ligada pela vida.

Você me deu a vida, e eu te dei amor?

Te dou sal e muita água. Nuvens prateadas brilhando no céu, espelhos que refletem o longo caminho a seguir.

Sem olhar pra trás, o trem já passou. Mas você não passou. Há muita vida pra passar!

Suas pernas aguentam mais uma longa caminhada.

Sua vida espera na dor, mas é no amor que brindamos o seu sorriso. Sim, o seu sorriso!

Com o meu amor. O único amor sem fim. O seu amor.

Mãe.

domingo, 3 de outubro de 2010


Sangue vinho quente de tão frio escorre na boca minha, ou tua, ou de quem bebeu ou bateu ou morreu.

Sangue prata frio vai esquentar o corpo vil de quem as mãos sujou com teu vinho tinto

Vidro vinho reflete seu brilho no meu sangue, reflete seu sangue por todo e só sangue

Vinho tinto deixa na minha boca teu gosto de ferro, mas não do martelo

Sangue gelado, de gotas molhadas que escorrem pela taça suada, de quem é teu vinho?

No fim ninguém bateu ou morreu... Só bebeu.