sábado, 4 de dezembro de 2010
Transbordo
sábado, 6 de novembro de 2010
Limpeza
domingo, 17 de outubro de 2010
Livre Arbítrio
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Jacaré
Comecei pensando nas regras. São elas que me carecem?
Dias e vidas pensando no sonho da alma selvagem, na intuição artista, no espírito de liberdade, seria essa minha liberdade? Almejar a vida só em tons coloridos, podem ser pastéis, mas sempre cores! Ou acordes bem tocados, sem pausas ou grandes silêncios constrangedores. Talvez a dança transpirando emoção por cada centímetro do palco.
Será que são esses os objetos a serem dedicados nos meus altares? Cada oração ou pensamento deva fluir para esse objetivo na minha vida?
Acho que isto vem feito parte da minha vida há anos! Mas não por completo. É preciso aprender com o preto e o branco, suas infinitas variações cromáticas que te levam desde o preto do papel até a maior saturação e acúmulo de luz possível, o branco. Preciso cultuar o silêncio, abstrair palavras e seus sons quando desnecessários. Aprender que o silêncio é fruto de sabedoria e necessita ser ouvido de alguma maneira, aguçando sentidos distintos e desenvolvendo a capacidade de harmonização do corpo e da alma.
Não, acho que também não é isso!
É preciso abrir mão desse passado que te consome, dos hábitos repetidos ridicularmente da mesma maneira a anos.
Sim, são suas regras, rituais que esperam ser praticados, dia a dia, sem quebra, sem deslizes, com amor. Você os guarda na sua caixa lacrada de medos e vontades borbulhando energia para explodirem e voarem por aí. Mas não sem rumo. É preciso o rumo, as regras e os rituais. Quero a dureza. Mas eu tenho a dureza. O coração banhado pela falsa insensibilidade, ríspida pulsação de ritmos constantes.
São eles, vocês. Meus rituais, regras e altares.
Com Ardor
O toque invisível desde o fim, o laço eterno de um amor sem fim.
Lágrimas correm em sua presença, transbordam direto do peito, do centro do coração.
Puro assim como seu amor.
Doi na alma minha sua dor! Minha dor, sua alma, nosso amor. Nossa dor ligada pela vida.
Você me deu a vida, e eu te dei amor?
Te dou sal e muita água. Nuvens prateadas brilhando no céu, espelhos que refletem o longo caminho a seguir.
Sem olhar pra trás, o trem já passou. Mas você não passou. Há muita vida pra passar!
Suas pernas aguentam mais uma longa caminhada.
Sua vida espera na dor, mas é no amor que brindamos o seu sorriso. Sim, o seu sorriso!
Com o meu amor. O único amor sem fim. O seu amor.
Mãe.
domingo, 3 de outubro de 2010
Sangue vinho quente de tão frio escorre na boca minha, ou tua, ou de quem bebeu ou bateu ou morreu.
Sangue prata frio vai esquentar o corpo vil de quem as mãos sujou com teu vinho tinto
Vidro vinho reflete seu brilho no meu sangue, reflete seu sangue por todo e só sangue
Vinho tinto deixa na minha boca teu gosto de ferro, mas não do martelo
Sangue gelado, de gotas molhadas que escorrem pela taça suada, de quem é teu vinho?
No fim ninguém bateu ou morreu... Só bebeu.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Sinclair
O cheiro da infância. Tudo que remete a esse tempo é doce! Lembramos das balas, cheiro de bolacha amanteigada, pasta de dente de tutti-frutti. Nascemos com um dom, apreciar cada aroma que o mundo carrega no ventre, perceber como carregamos mais memórias desse sentido do que podemos expressar.
Desde o início associamos os cheiros aos signos das nossas vidas. Sua mãe jamais exalará tamanho perfume que penetra nos meus poros como o de minha mãe. Se fecho meus olhos, consigo senti-lo, como se banhassem cada fração do espaço ao meu redor da mais concentrada fragrância materna, o cheiro do amor materno. Eis aqui o primeiro cheiro da vida!
Devemos a esse aroma primordial, a base do nosso perfume da existência, a primeira gota do frasco. Grande frasco que aguarda gotas vivas e coloridas. Às vezes nem tão coloridas assim. Outras vezes elas fedem, a podridão ou mofo, ou exalam angústias e devaneios de uma mente perturbada e sem anseios ou desejos em contribuir com menos de um respingo. Às vezes são lágrimas que transbordam pelo vidro, lavando e levando partículas de odores passados, que se perdem pelo ar rarefeito, de etérea fixação.
Mas ele fica. Acordo e sinto impregnado no meu corpo todo o frasco, jogado desde minha nuca até meus dedos, ou como se bebesse todo ele de gota em gota, e dessa maneira não somente o cheiro, mas, o sabor esquecido voltasse a pertencer-me. Recordo as balas, os amores, os desejos, as tristezas e fraquezas. Esse é meu cheiro! Do passado entregue e resignado só me resta a primeira gota. De amor, ódio, dor e prazer criei meu eu mais interior do que minha carne e meus ossos e marquei na alma aquilo de mais singular, preciso e pessoal que se deseja perpetuar.
Meu próprio cheiro!
sábado, 31 de julho de 2010
"Quando o Amor Vacila"
das diferenças todas,
a esperança é preservada.
Nas xícaras sujas de ontem
o café de cada manhã é servido.
e dela não me conformo.
Eu acredito em tudo,
mas eu quero você agora.
Eu te amo pelas tuas faltas,
pelo teu corpo marcado,
pelas tuas cicatrizes,
Eu amo as tuas mãos,
mesmo que por causa delas
eu não saiba o que fazer das minhas.
Amo teu jogo triste.
é aqui em casa que eu lavo.
Mesmo fora de si,
eu te amo pela tua essência.
Até pelo que você poderia ter sido,
se a maré das circunstâncias
não tivesse te banhado
nas águas do equívoco.
Eu te amo nas horas infernais
e na vida sem tempo, quando,
sozinha, bordo mais uma toalha
de fim de semana.
Eu te amo pelas crianças e futuras rugas.
Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
e pelos teus sonhos inúteis.
Amo teu sistema de vida e morte.
Eu te amo pelo que se repete
e que nunca é igual.
Eu te amo pelas tuas entradas,
saídas e bandeiras.
Eu te amo desde os teus pés
até o que te escapa.
Eu te amo de alma para alma.
E mais que as palavras,
ainda que seja através delas
que eu me defenda,
quando digo que te amo
mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor
vacila.
Poeta baiana do amor e da vida! Suas palavras, Maria Bethânia, tocam no fundo da alma.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Menina das cores
Em cima do palco a o movimento se define pela leveza e suavidade de suas asas rosa-esverdeadas que voam devagar. Um sopro azul celeste movimenta as flores laranjadas, mas o brilho do sol esquenta suas novas pétalas vermelhas.
A harmonia da natureza se desfaz em gotas de suor, chuva, lágrimas douradas que se espalharam por todo o palco. Aos que vêem, nada mais é preciso. Saltos, giros e piruetas, mergulhos...cores.
A explosão da emoção misturou todos os sentimentos.
Realidade? Mentira. Tudo é fantasia; a liberdade não existe para a menina além das luzes do palco.
O brilho se desfaz em suor, chuva e lágrimas, agora sim prata, mas dessa cor só resta o cinza, pois o brilho ficou para trás. A vida separa as cores e impede que elas dancem no rítmo da natureza, balencem as asas com o sopro do vento ou o brilho do sol.
A menina daça a vida em passos rígidos, secos... sempre a espera do próximo palco que liberte suas cores mais vivas. Pulse seu brilho real.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
"Dentro do mar tem um rio"
Filha do mar que se completa de milhões de gotas doces, água doce dos rios.
Mas já nasceu inteira, cada partícula inteira se une para formar o grande inteiro da natureza.
A única coisa que se divide é sua alma. Metade dela é maresia, brisa do mar.
A outra metade quem sabe? Você sabe?
Eu sei que é doce, pura.
Brilha com o sol, mas é na lua que é intensa.
Talvez seja essa a resposta:
Metade mar metade lua. Os dois grandes azuis da vida e da morte
Eis o ciclo perfeito da vida!
Você nasceu água corrente de divina majestade.
Aspirou seu Eu mais singular, e de tanto desejo de participar da vida, respirou!
Deixou o ar tocar no seu peito, secar a boca molhada e cantar versos sem palavras.
Você não conhecia palavras nem versos, nem sabia amar.
Mas é filha do mar! De Iemanjá brilha seus olhos.
Nasceu para o amor do mundo, fertilizar o homem com suas águas de sal doce.
Começo vazio
Na verdade Hoje o mundo está vazio, como se um grande manto negro vestisse as calçadas e calçados dos que passam.
O dia de festa se foi, junto com a beca, e as lágrimas vêm salgar a boca, penetrar na saliva.
Quanta coisa numa coisa só! Tudo isso na luz da lua mais cheia da vida, cheia de vida, chega de vida!