sexta-feira, 22 de abril de 2011

Destruição

Pó. É isso,
Tenho esse sentimento a cada viagem que faço. Muita coisa se destrói dentro de mim, é como se houvesse uma renovação, ou a chance de um novo começo.
Andei questionando até que ponto vale a pena uma viagem, simplesmente por ser uma viagem. Não existem mais questões, uma viagem é sim uma explosão dentro de você. Talvez a volta a superfície, um último respiro antes de mergulhar na água lodosa e escorregadia do fundo do mar, que é a vida, assim como ela é, muitas vezes nos faz tropeçar no meio do caminho. Aí voltamos, temos a chance de sentir mais uma vez a brisa cheia de oxigênio carregado de vida, aquecer as mãos e os pés enrugados do longo tempo submersos na rotina diária, e encher nosso cérebro e coração com o mais importante combustível da superfície: a esperança.
O mais engraçado de tudo isso é que muitas vezes o sentido só se completa ou se concretiza na volta ao lodo e às terras escorregadias. Difícil ter consciência da destruição no calor do sol, ou no vento que bate no meu rosto. Nesse momento eu não penso e não espero, só sinto o calor do sol e o vento batendo no meu rosto. Mais nada.
Mas agora eu sinto a destruição. De volta ao meu lodo enxergo o sol através dos meus dedos, através do meu peito, pernas, cabelos, através do espelho. Algo mudou, algo morreu e algo nasceu. Renovação e movimento.
Apesar do meu peito ainda estar cheio do ar lá de cima, e meu corpo tão quente quanto o sol que aquece a minha terra, eu conto os dias para voltar á superfície, mesmo que seja pela última vez.

Um comentário:

  1. Que seja sempre assim e que a cada mergulho e a cada volta, sempre haja algo para se destruir e algo para se renovar. Amém.

    ResponderExcluir